Em Janeiro de 1936, Andrej Zdanov, criador das teses
do "realismo socialista" monolítico no congresso de 1934, atacou o
"formalismo" na sessão do Soviete Supremo. Pouco depois foram publicados no Pravda (Jornal soviético) três artigos, em que
esses ataques receberam destaque e foram propagados.
Meyerhold inconformado com essas
acusações, algumas feitas diretamente a ele, as respondeu proferindo um
discurso em Março de 1936 em uma conferência em Leningrado: "Meyerhold
contra o Meyerholdismo", em que defendia a experimentação, a legitimidade
do seu trabalho e a necessidade de uma cimentação autêntica entre forma e
fundo. Pouco depois, em Abril, na conferência de diretores de cena, seu
discurso insistia nos mesmo pontos, tentar sair da mediocridade que começava a
invadir o teatro soviético.
Andrej Zdanov, braço direito de Josef Stalin na área cultural e idealizador do Realismo Socialista. |
É importante destacar que nessa época
o teatro, literatura e artes visuais deveriam ter um compromisso primeiro com a
educação e formação das massas para o socialismo em construção no país. Dessa
forma os artistas eram obrigados a seguir essa linha de criação, fazia parte dos
planos de governo de Stalin. Uma arte "proletária e progressista",
empenhada politicamente, envolvida com os temas nacionais e com as questões do povo
russo, esta era a aspiração da tendência artística.
O estilo era
"realista na forma" e "socialista no conteúdo", isso
significa que a obra de arte deveria ser acessível ao povo - figurativa e
descritiva - e sua mensagem, um instrumento de propaganda do regime. Desenhos,
telas e cartazes publicitários mostravam proletários, camponeses, soldados, líderes
e heróis nacionais, frequentemente idealizados, seja pela exaltação de corpos
vigorosos (indicando força e saúde), seja pela celebração de movimentos sociais
e feitos políticos.
Os artigos
publicados no Pravda criticavam,
portanto, o “formalismo” e o “naturalismo” utilizados na arte. Dessa forma, o
termo Meyerholdismo era, às vezes, citado para expressar a combinação dessas
duas características artísticas. Em seu discurso, na conferência em Leningrado,
Meyerhold questiona de onde haveria saído tal termo.
“Gostaria agora de ir ao teatro, porque nele também posso
ver claramente o escárnio que tenho desejo de comentar: O Meyerholdismo. Do que
se trata? De onde saiu este Meyerholdismo? Quem o deu vida? Quem o colocou em
prática? Quem lhe abriu caminho? Quem o afirmou? E aqui, sem responder
imediatamente, faço uma pausa para dizer que se existe uma ligação próxima, uma
coesão aproximada entre a forma e o conteúdo, qualquer que seja a direção
artística que tomemos, veremos que esta força de conexão, esta fundamentação
entre forma e conteúdo, não depende de um artifício técnico, nem mesmo de uma
habilidade técnica de nós artistas. Esta conexão, esta forte fundamentação,
deriva precisamente de que o homem é a base de toda arte, tanto no sentido de
que este é seu criador, como no sentido de que as obras de artes são criadas
para o homem; se alimentam da presença do homem no trabalho em si, seja qual
for (...)”
· Bibliografia:
REALISMO Socialista. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo403/realismo-socialista>. Acesso em: 03 de Jun. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
REALISMO Socialista. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo403/realismo-socialista>. Acesso em: 03 de Jun. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7