Eis um pedaço da carta escrita por Tchékhov, amigo e companheiro de palco de Meyerhold, endereçada a Olga Kníper, esposa do ator em questão:
''Onde no mundo você já viu pessoas jogando-se de um lado para o outro, pulando e agarrando a cabeça com as mãos? O sofrimento deveria ser expresso tal como é na própria vida, não pela ação de braços e pernas, mas por um tom de voz ou olhar; [...] Manifestações espirituais sutis, que são naturais em pessoas cultivadas, deveriam ser expressas exteriormente também. Você vai aduzir considerações de encenação. Mas nenhuma consideração pode justificar a falsidade.''
Seu trabalho como ator foi decaindo aos poucos. Foi sendo afastado de papéis principais. O que acontecia, na verdade, era uma crise fruto de pensamentos sombrios sobre a existência. O que também tirava a qualidade de Meyerhold era sua vontade por uma nova arte. Queria opor-se a arte realista e cheia de regras que vivia. Essa revolta o fez fazer experimentações com movimentos estilizados e expressões exageradas. Esse era um ator em busca de uma nova arte que o agradasse.
Talvez fosse culpa de sua posição Política, talvez até fruto de uma formação mais elitista que o levava a uma arte mais livre criativamente e mais abstrata, o teatro realista de Stanislavski parecia um confinamento, no qual separava o ator da plateia. Para ele, a plateia precisava não só assistir como participar da peça. Queria que a plateia soubesse que ela tinha existência real para ele, ao contrário, em seu pensamento, do que Stanislavski fazia parecer.
Por toda sua ansia de experimentar um teatro novo e testar a direção, Meyerhold sai, em 1902 , do elenco do Teatro de arte, em plena temporada. O grupo apresentava mais uma vez a peça ''Três irmãs'' de Stanislavski.
Sua saída marcou a formação do grupo Trupe de Artistas Dramáticos Russos, criado por ele. Falarei mais sobre essa parte da vida de nosso ator, diretor e encenador em outro post.
Bibliografia
GUINSBURG, J. Stanislávski, Meierhold & Cia. São Paulo : Perspectiva, 2008.
Bibliografia
GUINSBURG, J. Stanislávski, Meierhold & Cia. São Paulo : Perspectiva, 2008.
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